pa_leio #26 - 26 de Maio de 2007

A estrada - Cormac McCarthy

"O mundo da literatura não queria acreditar quando viu anunciar que o tímido, hiper-reservado, avesso a entrevistas, o homem que detesta falar da escrita e que o crítico Harold Bloom colocou entre os quatro grandes romancistas norte-americanos da actualidade (com Don DeLillo, Thomas Pynchon ou Philip Roth), estaria à conversa com Oprah Winfrey. Foi no passado mês de Março e seria a primeira entrevista de Cormac MacCarthy a uma estação televisiva.
Cormac - nome que poucos se atreveriam a ouvir pronunciar a par da superestrela Oprah -, acaba de vencer a edição de 2007 do Prémio Pulitzer na categoria de Romance, com o livro A Estrada, agora editado em português pela Relógio d'Água. Um livro que Oprah escolheu para integrar a sua lista literária pessoal, retirando-o da restrita (ainda que cada vez menos) corte de admiradores do escritor que não gosta de se dar a ver. A visibilidade valeu a venda de 138 mil cópias e tornou-o um dos livros mais populares.
Aos 73 anos, o autor de O Filho de Deus e Meridiano de Sangue - publicados em português com a mesma chancela - conquistou um dos mais prestigiados prémios nos Estados Unidos. Vale 7 300 euros e é atribuído anualmente pela Universidade de Columbia desde 1917.
Desde que foi publicado nos EUA, em Setembro de 2006, que o nono e último livro deste autor nascido em Rhode Island tem recebido o melhor acolhimento da crítica e é apontado como candidato a vencer alguns dos mais conhecidos prémios literários de 2007 (entre eles o Man Booker International).
A Estrada (no original The Road) fala de um mundo pós-apocalíptico na linguagem crua, despojada, a que McCarthy habituou os seus seguidores desde a edição, em 1965, de The Orchard Keeper (O Guarda do Pomar), o romance de estreia. "Naqueles primeiros anos, as estradas estavam cheias de refugiados amortalhados nas suas roupas. Usavam máscaras e óculos de protecção, sentados na berma com os seus andrajos no corpo, quais aviadores reduzidos à indigência. Traziam carrinhos de mão a abarrotar de bugigangas, puxavam carroças ou reboques. De olhos a brilhar no crânio. Carapaças de homens sem uma réstia de fé aos tropeções pelos viadutos, como bandos migratórios numa terra febril. A fragilidade das coisas enfim revelada."
É neste ambiente pós-nuclear que se desenvolve a A Estrada. Numa primeira leitura, narra a história de sobrevivência de um pai e de um filho. O jornal britânico The Observer classificou-o, no entanto, como uma meditação sobre a morte. A morte individual e a morte da humanidade.
A concorrer com McCarthy estavam Alice McDermott, com After This, e Richard Powers e The Echo Maker. Natasha Trethewey venceu na categoria de Poesia, com Native Guard e Debby Applegate ganhou em Biografia com The most Famous Man in America, que conta a vida de Henry Ward Beecher. Gene Roberts e Hank Klibanoff ganharam em História, com The Race Beat, e Lawrence Wright venceu em Ensaio por The Looming Tower: Al-Qaeda and the Road to 9/11. O saxofonista Ornette Coleman (77 anos) foi distinguido pelo álbum Sound Grammar."

in Diário de Notícias, 18/04/2007

4 comentários:

got it!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

9:14 da tarde  

:D Eu tive-lo durante uma tarde em minha casa... :P

10:19 da manhã  

Venho agradecerao Luís e aos 2 outros membros do pa_leio por, juntamente comigo, termos escolhido este livro brutal. Ainda não acabei, mas estou a gostar tanto. Um livro mesmo importante nos dias que correm, especialmente para o povo americano o ler. E de certa maneira, obrigado à Oprah por ter chamado a atenção de tanta gente. No próximo pa_leio falamos mais. Inté! Viva o Cormac McCarthy!

2:44 da tarde  

Já acabei o livro! Até já mandei uma msg ao Luís sobre ele. É TÃO tão tão bom!Que força! É um livro ocm imensa coragem e amor! VIVA O CORMAC MCCARTHY! O Luís aconselhou-me a ir à página da Oprah ler sobre o livro, está cheio de informação sobre o autor e sobre o livro, vale a pena. (www.oprah.com)
ABcm até ao próximo paleio!

10:31 da tarde  

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